Luís XIV, o Grande, Rei Sol, rei da França de 1643 a 1715, nasceu em 5 de setembro de 1638 em Saint-Germain-en-Laye e faleceu a 1 de setembro de 1715 em Versailles, símbolo da monarquia absolutista, provocou uma série de guerras entre 1667 e 1697 a fim de estender as fronteiras da França para o leste, tomando terras do Sacro Império Germânico, e depois, de 1701-1714, para assegurar o trono espanhol para seu neto.
Filho de Luís XIII e Ana da Áustria, ele sucedeu seu pai em maio de 1643, com apenas quatro anos e oito meses, desde então saudado como uma "divindade visível". Cresceu entregue a amas e criados, por cujo descuido quase morreu afogado numa piscina. Tinha nove anos quando, em 1648, os nobres e a corte de justiça de Paris se insurgiram contra o primeiro ministro o Cardeal Jules Mazarin e contra a Coroa. Começou então uma longa guerra civil, conhecida como "La Fronde", período em que a família real passou severas privações e humilhações. Somente em 1653 Mazarin dominou o movimento e então montou um grande aparato real centralizado no jovem príncipe.
Apesar de coroado Rei em 1643, Luís XIV não diminuiu os poderes de Mazarin, a quem devia praticamente toda a sua educação e formação cultural. Uma velha guerra com a Espanha, iniciada em 1635, estava terminando então e favoravelmente à França, que passava a ser a primeira potência européia. O rei da França devia ser um soldado e Luís XIV passou por um treinamento em campo de batalha. Para ratificar e dar maior valor ao tratado de paz com a Espanha, Luís XIV, apesar de estar a alguns anos em amores com a sobrinha de Mazarin, Marie Mancini, casou, em 1660, com Marie-Thérèse da Austria, filha do rei espanhol, contra sua vontade, e anotou no seu Diário. "Exercendo uma tarefa totalmente divina aqui na terra, precisamos parecer incapazes de perturbações que possam compromete-la".
Para o Rei, que via a si mesmo como representante de Deus na terra, qualquer desobediência ou rebeldia seria considerada pecado. Sua fé absoluta na divindade da sua missão fizeram com que comunicasse aos seus ministros, após a morte de Mazarin em março de 1661, que daquela data em diante governaria sozinho. Não tinha dúvidas também quanto a ter tanto poder nos domínios franceses, se não mais, que o próprio Papa. Teve ministros para execução de suas ordens, o primeiro deles e o mais inteligente Jean-Baptiste Colbert, Marquês de Louvois. Dedicou-se à sua tarefa de governo todas as horas do dia por 54 anos, sem que nenhum detalhe escapasse a sua atenção, desde a etiqueta e o cerimonial na corte, a diplomacia e o movimento das tropas, até as disputas teológicas sobre seus poderes em rivalidade com os do Papa. Colbert ajudou-o supervisionando as construções dos palácios, portos, estradas e canais, e descobrindo fontes de recursos, principalmente buscando aumentar as exportações de produtos franceses, ajudado pela pirataria nos mares e assaltos às colônias portuguesas e espanholas, inclusive o Brasil.
Manobrando com os atrativos e o prestígio na corte, o Rei entretinha os nobres que haviam antes infligido tanto sofrimento à sua família, corrompendo-os com favores, entretendo-os com festas e jogos no palácio, e enviando-os em missões sem propósito e conferindo-lhes títulos e cargos vazios. Enfraquecendo a nobreza, o Rei também corrompeu e enfraqueceu o próprio país. Tornou-se o protetor das artes o que lhe permitia utilizá-la como instrumento político, o que Rousseau haveria de denunciar mais tarde. Foi protetor de Molière e Jean Racine, aos quais ordenou que lhe cantassem louvores, e favoreceu escultores erguendo grandes monumentos. Mandou construir novos palácios, em Saint-Germain, em Marly e Versailles, a um tal preço que foi acusado de haver arruinado a nação. No clímax de seu reinado a França parecia uma festa impar diante de uma Europa admirada e desejosa de imitar o seu fausto e brilho cultural. Ao mesmo tempo o Rei mantinha estonteante vida de divertimentos e amores na corte, principalmente um tumultuado romance com Louise de La Vallière. Como aliado da Espanha, invadiu os Países Baixos espanhóis em 1667, que ele considerava herança de sua mulher espanhola, uma guerra que não foi fácil e levou-o a admitir ao morrer que havia gostado demasiado de fazer guerras.
A amante Madame de La Vallière foi substituída em 1667 pela Marquesa de Montespan a qual provocou tanto escândalo e intrigas que em 1680 foi por sua vez substituída por outra, até então a governante dos filhos ilegítimos do rei, mulher tida por disciplinada e piedosa, a viuva Madame de Maintenon. Em 1682 a sede do governo passou para o palácio de Versailles. No ano seguinte faleceu a rainha e o rei casou secretamente com Madame de Maintenon, que ganhou então grande influência política. Luís de fato necessitava dessa mulher para apoiá-lo nas provações familiares e políticas que começavam a se delinear.
Colbert morreu e não teve substituto à altura. O Imperador do Sacro Império Germânico havia detido os turcos na fronteira dos seus domínios e estava livre para enfrentar os franceses. A política da Inglaterra novamente mudou radicalmente com a Revolução Gloriosa em 1688, e a subida ao trono de Guilherme de Orange, um príncipe holandês cujo país havia sofrido com a invasão francesa. E dentro da própria França os protestantes formavam forte oposição ao rei católico. A reação de Luís XIV contra os protestantes foi suspender seus direitos de culto, que lhes fora garantido anos antes, em 1685, pelo chamado Édito de Nantes, e passar a persegui-los com violência. Muitos deixaram a França passando aos países protestantes vizinhos. Então a Inglaterra, a Holanda e o Imperador se uniram na Grande Aliança para fazer guerra a França, um conflito que durou de 1688 a 1697. Apesar de muitas vitórias, a França perdeu parte dos territórios que havia antes conquistado ao celebrar a paz pelo tratado de Rijswijk.
Novo e sério conflito se seguiu em 1700 quando o morreu Carlos II, da Espanha, abrindo dupla possibilidade de sucessão, tanto pela linhagem do Imperador germânico Leropoldo I, como também pela descendência de Luís XIV e sua esposa espanhola. Luís pretendeu o trono para seu neto Filipe, que depois da vitória francesa, veio a ser Filipe V, de Espanha. Evitou que o trono espanhol ficasse com o pretendente germânico, o que teria deixado a França sitiada por países inimigos. A guerra no entanto foi longa e tão difícil para os franceses, que a França esteve em risco de falência total. Salvou-a haver a Inglaterra, por pressão política interna, retirado seu apoio ao Imperador e ter a França conseguido uma vitória contra as tropas imperiais na batalha de Denain, criando condições para a celebração da paz. Os tratados de Utrecht, Rastat, e Baden, foram assinados em 1713-14, com grande prejuízo para o prestígio da França no continente. No plano privado, o Rei sofreu a perda quase simultânea de seu filho, o Grande Delfim, dois netos, os duques de Bourgogne e Berry, e sua última amante, a Duquesa de Bourgogne. Luís XIV faleceu em 1715, na idade de 77 anos
D. João V
Filho de D. Pedro II e de Maria Sofia de Neubourg, foi aclamado rei em 1707.
Quando inciou o reinado, estava-se em plena Guerra da Sucessão de Espanha, que para Portugal significava o perigo da ligação daquele país à grande potência continental que era a França. No entanto, a subida ao trono austríaco do imperador Carlos III, pretendente ao trono espanhol, facilitou a paz que foi assinada em Utreque, em 1714. Portugal viu reconhecida a sua soberania sobre as terras amazónicas e, no ano seguinte, a paz com a Espanha garantia‑nos a restituição da colónia do Sacramento.
Aprendeu D. João V com esta guerra a não dar um apreço muito grande às questões europeias e à sinceridade dos acordos; daí em diante permaneceu inalteravelmente fiel aos seus interesses atlânticos, comerciais e políticos, reafirmando nesse sentido a aliança com a Inglaterra. Em relação ao Brasil, que foi sem dúvida a sua principal preocupação, tratou D. João V de canalizar para lá um considerável número de emigrantes, ampliou os quadros administrativos, militares e técnicos, reformou os impostos e ampliou a cultura do açúcar. Apesar disso, Portugal entra numa fase de dificuldades económicas, devidas ao contrabando do ouro do Brasil e às dificuldades do império do Oriente.
A este estado de coisas procura o rei responder com o fomento industrial, mas outros problemas surgem, agora de carácter social: insubordinação de nobres, quebras de discipliana conventual, conflitos de trabalho, intensificação do ódio ao judeu. Por outro lado, o facto da máquina administrativa e política do absolutismo não estar de maneira nenhuma preparada para a complexidade crescente da vida da nação, só veio agravar as dificuldades citadas.
Culturalmente, o reinado de D. João V tem aspectos de muito interesse. O barroco manifesta-se na arquitectura, mobiliário, talha, azulejo e ourivesaria, com grande riqueza. No campo filosófico surge Luís António Verney com o Verdadeiro Método de Estudar e, no campo literário, António José da Silva. É fundada a Real Academia Portuguesa de História e a ópera italiana é introduzida em Portugal.
Ficha genealógica:
D. João V, nasceu em Lisboa, a 22 de Outubro de 1689, recebendo o nome de João Francisco António José Bento Bernardo, e faleceu em Lisboa, a 31 de Julho de 1750, tendo sido sepultado no Mosteiro de S. Vicente de Fora. Casou em 9 de Junho de 1708 com D. Maria Ana de Áustria (nasceu. em Linz, a 7 de Setembro de 1683; morreu no Palácio de Belém, a 14 de Agosto de 1754; sendo sepultada no Mosteiro de S. João Nepomuceno, dos Carmelitas Descalços Alemães, de onde o seu coração foi levado para a Alemanha, filha do imperador Leopoldo I e de sua terceira mulher Leonor Madalena. Do casamento nasceram:
1. Maria Bárbara Xavier Leonor Teresa Antónia Josefa (n. em Lisboa, a 4 de Dezembro de 1711; f. em Madrid a 27 de Agosto de 1758; sepultada no Convento das Salesas Reales, da mesma cidade). Casou em 1729 com D. Fernando, príncipe das Astúrias, que subiu ao trono de Espanha como Fernando VI;
2. D. Pedro (n. em Lisboa, a 19 de Outubro de 1712; f. na mesma cidade, a 29 de Outubro de 1714). Foi príncipe do Brasil;
3. D. José, que sucedeu no trono;
4. D. Carlos (n. em Lisboa, a 2 de Maio de 1716; f. em Lisboa, a 30 de Março de 1730). Teve o título de infante;
5. D. Pedro Clemente Francisco José António (n. em Lisboa, a 5 de julho de 1717; f. no Paço da Ajuda, a 25 de Maio de 1786). Foi príncipe do Brasil e, pelo casamento com a sobrinha D. Maria I, veio a ser o rei consorte D. Pedro III.
6. D. Alexandre Francisco José António Nicolau (n. em Lisboa, a 24 de Setembro de 1723; f. a 2 de Agosto de 1728).
Fora do casamento, teve D. João V os seguintes filhos:
7. D. Maria Rita, filha de D. Luísa Clara de Portugal, que nasceu e morreu em data que se ignora. Foi monja do Convento de Santos, em Lisboa, e conhecida como a «Flor de Murta»;
8. D. António (n. em Lisboa, a 1 de Outubro de 1704; f. na capital, a 14 de Agosto de 1800; sepultado no claustro do S. Vicente de Fora), filho de uma francesa e um dos três «Meninos de Palhavã», por ter sido criado neste palácio. Foi reconhecido em 1742, tendo obtido o grau de doutor em Teologia pela Universidade de Coimbra. Esteve desterrado no Buçaco, por ordem de Pombal, de 1760 a 1777.
9. D. Gaspar (n. em Lisboa, a 8 de Outubro de 1716; f. em Braga, a 18 de janeiro de 1789), filho de D. Madalena Máxima de Miranda. Foi o segundo «Menino de Palhavã». Exerceu o múnus de arcebispo de Braga, de 1758 à data da sua morte;
10. D. José (n. em Lisboa, a 8 de Setembro de 1720; f. na mesma cidade, a 31 de Julho de 1801; sepultado no Mosteiro de S. Vicente de Fora), filho da Madre Paula, freira em Odivelas. Chamado o mais jovem «Menino de Palhavã», foi doutor em Teologia pela Universidade de Coimbra e inquisidor-mor em 1758. Esteve desterrado no Buçaco, com seu irmão D. António, de 1760 a 1777.
DESPOTISMO ESCLARECIDO
D.JOSÉ I
Monarca português, vigésimo quinto rei de Portugal, filho de D. João V e de D. Maria Ana de Áustria, D. José nasceu a 6 de Junho de 1714 e faleceu a 24 de Fevereiro de 1777.
Casou com D. Mariana Vitória de Bourbon, filha de Filipe V. O seu reinado, situado entre os anos de 1750 e 1777, foi marcado pela crise económica resultante da concorrência das potências coloniais e sobretudo da redução da exploração do ouro brasileiro.
D. José seguiu a política de D. João V no tocante à neutralidade face aos conflitos europeus e de que é exemplo, apesar da forte pressão da França e da Inglaterra, a não participação portuguesa na Guerra dos Sete Anos (1756-1763). Reforçou o absolutismo monárquico através de medidas radicais contra aqueles que se opunham ao reforço do poder régio: expulsou e confiscou os bens dos Jesuítas e mandou prender alguns fidalgos, entre os quais os Távoras, acusados de tentativa de assassinato do rei. Foi seu primeiro-ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, o marquês de Pombal.
O seu reinado foi também marcado pelo terramoto de 1755, que destruiu a baixa de Lisboa. A ele se deve a reconstrução daquela parte da capital segundo um moderno traçado rectilíneo da autoria dos arquitectos Eugénio dos Santos, Manuel da Maia e Carlos Mardel.
D. José foi um grande reformador: acabou com a escravatura em Portugal continental, concedeu liberdade aos índios do Brasil, acabou com a distinção entre cristãos-novos e cristãos-velhos, e reformou o ensino, a administração e a economia.
DESPOTISMO ESCLARECIDO
Regime monárquico absoluto que fundamenta o seu poder na "RAZÃO". Tem como lema " Tudo pelo Povo mas sem o Povo"
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